quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Patrimônio Industrial e Arqueologia Industrial - Definições
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
TICCIH-Brasil (Apresentação)
Comitê Brasileiro para a Preservação do Patrimônio Industrial
TICCIH-Brasil
Apresentação
Os estudos sobre patrimônio industrial alcançaram, no mundo contemporâneo, uma relevância e uma importância histórica e social inquestionável, tendo sido até mesmo considerados como fundadores de uma “nova ciência”.
A análise dos vestígios materiais da Revolução Industrial – fábricas, manufaturas, habitações operárias, canais fluviais, pontes, diques, aquedutos, estradas e estações ferroviárias, viadutos, bem como toda a espécie de máquinas e ferramentas - passou a fazer parte da constituição da memória e da identidade das populações urbanas.
Na Inglaterra, desde a década de 1950 (ou seja, paradoxalmente um dos picos do período de desindustrialização vivido por aquele país) os bens industriais foram listados e reconhecidos pelo Conselho Nacional de Arqueologia. Em 1963 surgia o primeiro periódico especializado na área, o Journal of Industrial Archaeology, mais tarde apenas Industrial Archaeology. Neste mesmo país vários estudiosos, acadêmicos ou não (como Charles Hadfield, Kenneth Hudson, Arthur Raistrick e George Watkins), deram início a uma série de levantamentos e análises que, de certo modo, sensibilizaram a opinião pública para a importância dos vestígios industriais.
Em 1978, por ocasião do IIIº Congresso Internacional para a Conservação dos Monumentos Industriais – o primeiro havia sido em 1973 em Ironbridge – em Estocolmo, Suécia, foi criado o The International Comittee for the Conservation of Industrial Heritage (TICCIH), organismo cuja finalidade é promover a cooperação internacional no campo da preservação, conservação, localização, pesquisa, documentação e valorização do patrimônio industrial.
No caso do Brasil, bens relacionados às atividades da indústria humana (engenhos, mineração, máquinas e fábricas) bem como os ofícios e “modos de fazer” em si relacionados a estes bens físicos tem suscitado muitas pesquisas e esforços para tombamento e preservação. Estudos de caso, em sua maioria, estabeleceram princípios para o estudo do tema (como o inaugural texto de Warren Dean, já em 1976, sobre a fábrica São Luiz de Itu); por sua vez, a sociedade organizada manifestou-se, por vezes pela preservação de edifícios fabris ou ferroviários, demandando o tombamento municipal ou mesmo estadual de edifícios específicos; ou ainda, associações determinaram o estabelecimento de normas e princípios técnicos para a preservação destes bens, como no Manifesto do GEHT (Grupo de Estudos da História da Técnica), que firmou em 1998 um compromisso com recomendações para a preservação deste patrimônio em específico (vide em anexo).
Não obstante, no Brasil não há ainda um campo teórico, metodológico e prático formado para o conhecimento sobre o patrimônio industrial. Muitos exemplares de nosso rico passado são abandonados, a cada dia, à sua própria destruição, situação essa vivida por galpões industriais, antigas fábricas e seus maquinários, linhas de trem e antigas estações. Afinal, os vestígios da industrialização, pela sua própria inserção na trama urbana, são rapidamente destruídos na ampliação das atividades econômicas ou fabris. O tombamento dos remanescentes da Real Fábrica de Ferro São João de Ipanema (Iperó, SP) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1964, é quase excepcional no quadro do trato desse patrimônio na trajetória da preservação em nosso país.
Em específico, no estado de São Paulo, tanto na capital como nas cidades do interior, a muitas vezes galopante substituição das atividades econômicas pelas do setor de serviços ou pelo trabalho informal provocam a descaracterização permanente de importantes edifícios ou sua simples demolição.
Logo, neste momento, torna-se fundamental a revalorização do patrimônio industrial nacional, o que implica não somente a proteção a áreas urbanas centrais e a recuperação de construções degradadas, como trazer maquinarias fora de uso a seu funcionamento e, simultaneamente, entender seu funcionamento para, por meio deste esforço, revelar a vida e o trabalho das gerações passadas.
Por essa razão, nossa proposta para o I Encontro
Profa. Dra. Cristina Meneguello
Profa. Dra. Silvana Rubino
Depto de História - IFCH - Unicamp
http://patrimonioindustrial.vilabol.uol.com.br/apresentacao.html